Ah, as premiações americanas! O glamour do tapete vermelho, as constelações em vestidos Versace e smokings Armani. Toda uma festa organizada para receber o supra sumo do cinema hollywoodiano. Eu como cinéfila que sou, adoro ver toda e qualquer premiação, não que eu leve muito a sério, porque, de fato, não levo. A politicagem e interesses industriais que estão em jogo não deixam a arte falar por si só. Ou talvez eu seja exigente demais, mas só talvez.
Este ano, Assossiação de Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA
) reuniu-se para a 68ª entrega dos Globos de Ouro, com apresentação do humorista britânico Ricky Gervais. O prêmio que contempla o cinema e a tv norte-americana teve como principais estrelas: o (superestimado)
A Rede Social; a (sempre excelente)
Natalie Portman; o (enfim premiado)
Colin Firth; a série (agora já nem tão mais queridinha dos descolados de plantão)
Glee e (uma das obras-primas do cinema)
Toy Story 3.
O chato de tudo é não poder ter visto todos os filmes e séries, do que pude ter acesso, até agora, os melhores filmes ficaram de fora, ou foram completamente ignorados. O que aconteceu com os roteiros instigantes e comoventes de:
A Origem;
Cisne Negro;
Blue Valentine e
Não Me Abandone Jamais? A galera no Facebook não curtiu?!
A Origem é um dos poucos blockbusters com conteúdo dos últimos tempos, foi completamente esquecido pela premiação! Em contrapartida mais um filme qualquer de espionagem estrelado por Angelina Jolie e (só Deus sabe porque resolveu aceitar esse papel) Johny Depp,
O Turista, que nem no trailer anima o mais alienado dos adolescentes, estava lá, concorrendo na categoria de comédia ou musical (?). Sentiu o dedo da Columbia Pictures aí?!
O prêmio O Cecil B. DeMille, foi entregue a
Robert De Niro, pela carreira. O melhor ator norte-americano, ao lado de Dustin Hoffman (na minha opinião), foi aplaudido de pé e viu um clipe com cenas marcantes dos seus filmes de maior sucesso. O diálogo em frente ao espelho de
Taxi Driver; a sequência de boxe em
Touro Indomável; o beijo forçado na menina que ama de
Era Uma Vez na América; a roleta russa de
O Franco Atirador; e o genial Vitor Corleone jovem de
O Poderoso Chefão II são só algumas das atuações que entraram para a história do cinema.
Cinema:
Entra ano sai ano e minha impressão de blasé quanto aos filmes vencedores de premiações é a mesma. Dos cinco indicados na categoria melhor filme (de drama) eu só não vi O Discurso do Rei, e dos quatro que assistir A Rede Social foi o que menos me interessou. Não foi por falta de boas atuações; ou por uma trilha sonora bem colocada; ou ainda por um roteiro bem escrito, não por isso, mas pura e simplesmente pela falta de emoção. É um filme tecnicamente perfeito e muito bem realizado. David Fincher é aquele famoso diretor que não faz nada pra ser irrelevante. Quanto ao roteiro, dentre os concorrentes, só pude lamentar por A Origem.
Hoje, horas antes da premiação estava vendo
O Vencedor (The Fighter), ao ler a sinopese pensei cá com meus botões: "lá vem mais um filme de superação com ares de Rocky Balboa". Olhei o cartaz e vi Mark Whalberg e Christian Bale, fiz uma careta, mas deixei o preconceito de lado e resolvi assistir. O filme é honesto e seu forte são as grandes atuações de
Christian Bale e (pirncipalmente)
Melisa Leo, merecedores de todo e qualquer prêmio. Amy Adams, tem acertado nas suas escolhas de papéis e este não foi diferente.
RED: Aposentados e Perigosos, eu me pergunto: com Helen Mirren, John Malkovich e Morgan Freeman no elenco o roteiro não poderia ter sido mais digno não?! Acho que única e exclusivamente em respeito ao elenco que este filme figurou entre os indicados a filme de comédia ou musical.
Alice no País das Maravilhas... Tim Burton, posso não amar este seu filme?
Burlesque não vi ainda, mas pretendo.
Minhas Mães e Meus Pais é dentre todos o melhor. Julian Moore;
Annette Bening; Mark Ruffalo; Mia Wasikowska e Josh Hutcherson tiveram um roteiro atual, repleto de diálogos divertidíssimos que rendem boas risadas.
Annette Benning uma grande atriz que, enfim, recebeu o devido reconhecimento.
Falando em reconhecimento, atores de carreiras consolidadas que sempre se saem bem em tudo que fazem, receberam seus devidos prêmios.
Natalie Portman por
Cisne Negro; a fragilidade e a sensualidade inerentes a jovem atriz disputaram espaço na tela sob o nome de Nina, a bailarina rainha do Lago dos Cisnes.
Colin Firth, que ano passado já merecia; com o excelente
Direito de Amar; foi contemplado ao interpretar o rei George VI em
O Discurso do Rei.
Paul Giamatti, mehor ator ano passado em filme/minissérie para tv (
John Adams, HBO), levou o prêmio de melhor ator coadjuvante, desta vez em cinema, pelo inédito
Barney's Version.
Àquela categoria que americano ta pouco se lixando, europeu não ta nem aí se foi indicado e eu acabo não vendo quase nenhum dentre os concorrentes a filme estrangeiro. Estou aguardando na sala de cinema mais próxima (ou link da net) para assistir:
Bitiful (mexicano);
O Concerto (fancês);
Kray (russo);
Io Solo L'amore (italiano) e o vencedor
In a Bette World (dinamarquês).
É preciso um post inteiro para descrever
Toy Story 3 e uma linhas e meia para descrever a sensação de desnecessidade para um filme como
Enrolados no mundo. Os outros concorrentes na categoria animação:
Meu Malvado Favorito;
Ilusionista e
Como Treinar o Seu Dragão estão na minha lista de "devo assistir". Entretanto, duvido muito que algum deles seja tão genial, sensível e poético quanto o Toy Story 3.
TV:
O cinema hollywoodiano ta numa fase tão "marromenos" que grandes atores e diretores estão investindo na Tv. A exemplo dos irmãos cineastas Ridley e Tony Scott em
The Good Wife; Martin Scorse e o premiado
Steve Buscemi (aquele ator que você viu em algum filme que não consegue lembrar o título), na melhor série de drama
Boardwalk Empire; produzida por Mark Whalberg. Enquanto "projetos de celebridades que pensam ser atores" estrelam produções aclamadas pela crítica, premiadas atrizes do cacife de
Laura Linney (melhor atriz de comédia) e
Claire Danes (melhor atriz de filme para tv) estão na telinha nos respectivos:
The Big C (mais uma produção Showtime que trata de um tema espinhoso, o câncer)
e
Temple Gardin (filme feito para tv, HBO). Tem de ver isso, aí...
Off the head! Não, não foi a Rainha de Copas (Helena Bonham Carter) quem disse isso nesta premiação, mas ensandecisos no twitter quando
Glee ganhou o prêmio de melhor série comédia/musical. Ok, as comédias do momento são
The Big Bang Theory e
Modern Family, concordo, só não consigo desgostar de Glee, mesmo a segunda temporada sendo fraca. Quanto aos atores:
Jane Lynch (Sue Silvester), "again" como atriz coadjuvante, alguém não consegue não rir com aquelas falas?!
Chris Colfer (Kurt) como coadjuvante, não foi de todo mal, com o crescimento do seu personagem, o ator saiu-se bem. Merecido mesmo foi o ator de série (musical/comédia)
Jim Parsons (Sheldon), BAZINGA!!!
As demais categorias, honestamente não posso avaliar, afinal de contas, quando a pessoa não tem HBO... No mais
vide lista dos vencedores.